Olá pessoal!
Na semana passada escrevi sobre a
Superproteção, como ela afeta as crianças e até os adultos que foram acostumados
a ficarem longe do risco que novas aprendizagens oferecem.
No post dessa semana quero continuar
com esse assunto, respondendo a um dos motivos pelos quais as mamães
superprotegem seus filhos. O motivo pode estar associado à carência de
afeto da pessoa que superprotege e à necessidade dela de ter sempre alguém por
perto.
Você já conheceu alguma pessoa que
gosta de fazer muitos favores, de se colocar à disposição pelo prazer de ser
útil? Sem que essa pessoa perceba, tais atitudes geram a sensação de que ela
será recompensada pelo o que fez: com a presença, o carinho e o reconhecimento
de quem recebeu o favor. Essa expectativa é compatível com uma "falta"
existente na vida dessa pessoa. Essa lacuna pode ser facilmente preenchida
quando alguém precisa muito da sua ajuda e dos seus serviços, e então há de
quem se esperar amor. Na vida das mães, as crianças acabam correspondendo
inconscientemente à "falta" da mãe.
Qual a consequência disso?
A criança se torna uma criança-sintoma,
porque "denuncia" a carência dessa mamãe que precisa o todo tempo de alguém que
precise dela. A criança se encaixa na vaga: "Precisa-se de alguém que
precise de mim!". Para corresponder à essa falta existente na mãe, a
criança continua perpetuamente infantil, necessitando de ajuda para comer, se
limpar, tomar banho, escolher a própria roupa, se vestir, entre outros. Dessa
forma, fica "combinado" inconscientemente que a criança continua
dependente e o adulto prossegue gastando sua vida 24h cuidando da criança que
já não precisaria de atenção constante.
A criança estará, assim, tampando essa
falta que existe no adulto responsável por ela, ou até afastando o adulto de
pensar em uma série de coisas que lhe são desagradáveis na própria vida
(solidão, desamor, decepções, como está o relacionamento com o parceiro e com
os outros membros da família, vida profissional, etc).
No caso da superproteção, a mãe toma
partido de tudo o que está relacionado ao filho (nos bons e nos maus momentos,
inclusive no relacionamento do filho com outras pessoas).
Há um segundo caso igualmente interessante
entre mãe e filho, em que o filho é colocado como aquele que complementa as características da mãe. Exemplo: Uma mãe é alguém que tem dificuldades para argumentar e expressar seus sentimentos, e o filho (que pode ser adolescente,
adulto, não pense que acontece só com crianças) consegue se desenvolver de
maneira razoavelmente independente. Ele se torna o escudo da mãe nas situações em que ela tem dificuldade de se defender ou se expressar. Do mesmo modo que o primeiro caso, ele é
convidado a ocupar o lugar da "falta", sendo
aquele que complementa a mãe.
A pessoa entra nesse acordo inconsciente quando
realmente faz as vezes da outra, respondendo ao que não é seu, mas
diz respeito à essa segunda pessoa (no exemplo, a mãe), se mostrando como a solução dos seus problemas, se colocando na frente dela nas situações estressantes, comprando a briga
dela com outras pessoas, como se fossem duas pessoas (mãe e filho) em uma
só. O filho desse exemplo ficará numa posição ilusória de "salvador" e passará a ocupar um lugar que não é seu na família.
Como se resolve essa situação então?
A análise ou a psicoterapia auxiliam no
caso de adolescentes, adultos que vivem nessa "armadilha" de ser o
complemento de alguém. É fortemente recomendado que na análise de crianças que
estão apresentando conflitos em casa, na escola, os pais participem
também do processo, sendo orientados, ou que iniciem uma análise em
separado para dar conta de seus conflitos individuais, porque as lacunas
afetivas na vida dos pais influenciam no desenvolvimento dos filhos. Dar
atenção a quem cuida é tratar de quem é cuidado.
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