quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Entendendo a adolescência


Em tribos primitivas, existiam ritos de passagem da infância para a vida adulta, forçando o entendimento de que era necessário ser o que a cultura esperava para essa nova idade. Com a queda da tradição desses ritos, se percebe hoje a dificuldade dos mais novos em fazer essa transição e se enxergar como adulto. Ao mesmo tempo, essa passagem se tornou bem mais singular e intensa, pois cada um pode viver à sua maneira a adolescência.

Primeiro, entre 10 e 12 anos de idade falamos do período da puberdade, em que se iniciam as transformações do corpo e da mente de criança, em vista de uma maior maturidade. A adolescência ocorre dos 12 aos 18/ 20 anos, variando de pessoa para pessoa. A escolha afetiva, amorosa, a dúvida sobre a escolha profissional, e um distanciamento dos pais são básicos nessa fase: conflitos que se tornarão mais claros e bem resolvidos somente no início da vida adulta.

Ser adolescente é sonhar, se preparar para pagar o preço por esses sonhos e conquistar asas próprias. O adolescente está em busca da sua identidade pessoal, sendo alguém inquieto, que discorda, discute, desafia as autoridades e busca de respostas. Para isso, ele tem o hábito de experimentar.

É comum, por exemplo, a vontade de pintar o cabelo de uma cor diferente da natural, se aventurar em um esporte radical, usar roupas mais modernas, ainda se acostumando ao novo corpo da idade. Geralmente há grande preocupação com a própria imagem corporal. Alguns adolescentes têm a sensação de que nada de ruim acontecerá com eles, se colocando em situações arriscadas, como dirigindo em alta velocidade, aderindo ao sexo desregrado e entrando para o mundo das drogas.

Pais, professores e demais líderes de adolescentes devem perceber que é preciso paciência e estrutura pessoal para lidar com as questões polêmicas e desafiadoras desse público. Essas figuras são convidadas a responderem o motivo de suas decisões e convicções aos adolescentes, que pensam em mudar o mundo. Os filhos adolescentes enxergam os pais de uma forma mais realista, não mais como os super-heróis perfeitos segundo as crianças veem.

Esse conflito de gerações é difícil, mas necessário para que o adolescente aprenda que nem tudo é permitido, quais são as possibilidades e os limites da vida. Você pode perguntar: “Como o adolescente define o seu estilo pessoal de vida?” De acordo com a maneira como ele se enxerga atualmente; como se relaciona dentro da família; através das experiências que está vivendo com os amigos e com o mundo ao seu redor.

Em meios aos desentendimentos com essa faixa etária, os pais acabam se enxergando nos filhos e se recordando de como se comportavam na própria adolescência. É também importante que se fique atento às escolhas dos adolescentes. Apesar de experimentar as possibilidades de vida ser algo normal e saudável, o abuso de substâncias químicas, por exemplo, leva a sérios prejuízos físicos, psicológicos, de aprendizagem e no relacionamento familiar.

O adolescente vive a experimentar e está em busca de um sonho pessoal para seguir. Alguém com mais experiência, e ao mesmo tempo, com a capacidade de se colocar no lugar desse adolescente, poderá orientá-lo no caminho em que a realização pessoal é mais certa. 

O que é ser criança? - uma visão psicológica do desenvolvimento infantil


Em artigos passados, caminhamos a partir da importância da família, passamos pelas fases de namoro, casamento, conscientes da relevância das funções materna e paterna, pensando na criação de pessoas saudáveis psicologicamente. Agora com um contexto preparado, faz sentido visitarmos as fases de desenvolvimento humano. Vamos então para a infância, em que se constroem as primeiras experiências de vida.

A infância é o período de zero a 10 anos de idade, marcado por grandes e importantes aquisições no desenvolvimento. Em nenhuma outra etapa da vida o ser humano passará por tantas transformações cognitivas, físicas, emocionais e comportamentais como nesse tempo.

Sendo assim, existem vários momentos de desenvolvimento. A primeira infância (zero a 2 anos) é a fase da amamentação, em que o bebê se adapta ao contato com o mundo, se guiando pelas sensações do próprio corpo, como fome, dor, incômodos quanto à luz e barulho e reagindo pelo choro.

Na segunda infância (2 a 7 anos), a criança é uma descobridora nata e por isso precisa andar e correr, mexer nos objetos e testá-los, que é o modo para conhecê-los, nessa idade. Ela ganha noção de espaço, tempo e causalidade. Aos poucos, percebe que as coisas existem mesmo quando não as vê. Desenvolve a memória, a linguagem, e passa do choro, que era seu único modo de comunicação, para gritinhos e repetição de sílabas, identificando a própria voz. Essa também é a fase da pré-escola, em que a criança dá sinais de autonomia e socialização.

A terceira infância (7 a 10 anos) é relevante pela aquisição de coordenação dos movimentos corporais e formação de um esquema mental do próprio corpo. Como uma pessoa percebe o próprio corpo: desajeitado ou ajustado, magro ou gordo, grande ou pequeno, faz toda a diferença na maneira como ela se define e pensa que é (autoconceito) e em que valor ela se dá (autoestima). A opinião de terceiros, mas principalmente a dos pais, também influencia nesse julgamento sobre si mesmo.


Todo mundo já foi criança, mas as crianças não são iguais e nem se desenvolvem da mesma forma. É importante estar atento às várias transformações dessa incomparável fase, que oferece as bases de estruturação de toda a vida.