segunda-feira, 25 de maio de 2015

A importância da função materna



O primeiro e mais forte vínculo na vida do ser humano é o laço com a mãe. A relação com ela geralmente é marcante na história de cada pessoa. Sabe-se que as primeiras relações da criança com a mãe são a base para a estruturação da personalidade e para a construção de relacionamentos futuros. Mas o que é ser mãe? Qual a importância do papel da mãe nos primeiros anos de vida de uma criança?
Há quem nunca tenha abrigado no ventre uma nova vida, mas já tenha contribuído para que uma criança recebesse o afeto e a segurança de que necessitam para viver. Certamente, para a criança é melhor que a própria mãe assuma a responsabilidade do cuidar. Entretanto, existem casos de abandono, negligência, doença, morte, ou alguma impossibilidade de que a mãe biológica exerça esse papel.

Dentro do desenvolvimento humano, o que chamamos de “função materna” pode ser ocupada pela mãe biológica da criança ou, na ausência dela, por um(a) cuidador(a) que ofereça alimento, proteção e atenção ao bebê. A tia, a madrinha, a avó ou uma mãe adotiva podem cumprir a função de cuidados.
Nos anos iniciais, o relacionamento da criança com o mundo se resume ao seu contato com a mãe. Para o bebê, ele e a mãe são um só. Somente a partir dos 08 meses de vida, a criança começa a perceber que a mãe é uma pessoa diferente dela e que divide o tempo entre diversas atividades.

    A amamentação é o primeiro tipo de alimentação do bebê. O leite contém os nutrientes de que a criança necessita para crescer, promovendo a saúde do corpo. Além disso, o contato de pele, o toque, o carinho e a fala da mãe para com o bebê são formas importantes de alimentá-lo emocionalmente.  Os cuidados maternos devem ser analisados pela qualidade da relação entre mãe e bebê, mais do que pelo tempo que a mãe possa dedicar ao filho. Lembrando que é a relação afetiva que influenciará na organização psicológica dele.
A ausência de uma figura materna nos primeiros anos de vida é prejudicial para o desenvolvimento da personalidade do ser humano. É necessário que mãe e bebê experimentem um relacionamento íntimo, contínuo e prazeroso. Através do contato com a mãe, o bebê deve se sentir visto e desejado por ela. A constância de cuidados é essencial nessa fase. A criança precisa se sentir segura de ser amada, experimentando um olhar carinhoso que a envolva.
    Enquanto o bebê se identifica com a figura da mãe, essa mulher deve reconhecê-lo como uma continuação sua e contribuir para o bem-estar e a segurança dele. Assim como a criança, a mulher também é transformada. Sendo mãe, ela se percebe de outra forma, começando a rever seus conceitos sobre a vida, suas prioridades e objetivos.
Enfim, a relação entre mãe e filho faz parte de um vínculo fundamental na história de cada pessoa. A partir dessa base são construídos os relacionamentos na vida adulta. Nesse contato, mãe e filho são transformados. Portanto, a família também pode contribuir para que as condições de cuidados maternos no lar sejam satisfatórias, correspondendo às necessidades de uma vida saudável na infância, que reflete em todo o desenvolvimento.

Adoção - motivações familiares inconscientes


Por ocasião do Dia Nacional da Adoção, 25 de maio, venho escrever sobre casais e famílias que desejam ampliar os seus vínculos adotando uma criança. Além da grande fila para adoção no Brasil, da dificuldade do enquadramento no perfil adequado para adotar, há aspectos psicológicos importantes a serem vistos antes de se adotar uma criança. Pensemos sobre o desejo de alguém em adotar e da acolhida de toda a família com a chegada da criança no novo lar.


Na chegada de um filho biológico, existem várias características inconscientes que interferem na gravidez e na esperança do seu nascimento.  Devemos considerar que cada pai e mãe tem uma história individual construída pela sua vivência com os seus pais, cercada de fantasias, desejos e medos. Sobre a vida desse filho, estão presentes as expectativas de cada parceiro sobre si mesmo, sobre o que é ser pai, ser mãe e ser filho. A tendência é que os aspectos conflituosos, as fantasias infantis e expectativas do casal e dessa família sejam projetadas nesse novo membro da família. Os pais e familiares não percebem a projeção e aos poucos, as expectativas podem se tornar realidade ou não na vida da criança que acabou de nascer, confirmando ou negando as fantasias, por exemplo, se a criança será perfeita ou não, com traços ideais ou mal vistos pela família, se seguirá o futuro que os pais sonham.


Na adoção, esses aspectos conflituosos e negativos são projetados com mais facilidade no novo membro, uma vez que uma das formas de se sentir pertencente a uma família é separando quem tem o "sangue" e quem não tem e criando uma definição do que é comum e do que é estranho às pessoas que ali convivem. Quem tem o sangue, faz parte da família e tem uma história de vida comum e quem não tem a mesma história, está fora. A partir do sangue, muitos desentendimentos são relevados, ou acordos são realizados para que durante os anos a união aconteça dentro de uma casa. No caso da adoção, há quem não tenha esse mesmo compromisso de familiaridade com a pessoa adotada. Os pais podem se sentir inseguros se esse filho conseguirá perpetuar a história deles, as crenças e percepções secretas dessa família, os mitos e costumes, o modo deles se relacionarem entre eles, que por sinal seguem entre os anos, dando continuidade natural ao legado que se pretende deixar.

Ainda, o filho adotivo pode ser sentido como um remédio para a impossibilidade desse casal não o ser pai e mãe de maneira natural, biológica. Assim, o filho pode inconscientemente representar a falta de algo que teve de ser preenchido. De outro modo, pode significar aquele foi "salvo" por aquela família adotiva, sendo colocado no lugar de "abandonado" e daquele que é denegrido, manchado. Podem existir outros sentimentos em relação a essa criança, como a imaginação de que ela contém uma desordem da sua família de origem que a seguirá com o seu desenvolvimento, o que torna essa criança alguém mais uma vez desconhecida e estranha, aparentemente difícil de lidar.  Dessa forma, o adotivo é percebido como aquele que precisa de muitos mais cuidados e assistência que uma criança "normal" e o que pode dar mais "trabalho" para educar. 



A família pode nutrir dúvidas sobre a origem desse novo membro: quais suas tendências genéticas, possíveis doenças, suas habilidades, tipo de caráter e de personalidade. É comum se perguntarem "De quem pertence esse jeito da criança? Quem ela puxou?" às vezes  já esperando que apareça com o tempo algo "com defeito", quando se surpreendem com características brilhantes da pessoa adotiva. Isso acontece também porque a criança adotiva veio de outra família, de outros pais e não dessa família em que todas as características são conhecidas e exaltadas. Então fica a pergunta: "Será que o que não vem de mim pode ser bom?" 

Tanto na família biológica como na adotiva, existem muitos sentimentos em relação aos novos membros: se conseguirão manter a tradição familiar, se se adaptarão às regras desse grupo e do que ainda está por vir quanto ao destino dessa família. A gravidez é um período em que os pais têm tempo para elaborar a ambivalência de sentimentos (amar e odiar, ter carinho e rejeição ao mesmo tempo) em relação ao filho. Para os pais adotivos é necessário também que sejam vistos e trabalhados todos esses sentimentos e expectativas que podem nem estar claros na consciência, mas que são fundamentais para a qualidade do "ser pai", "ser mãe" e da vida familiar com os novos membros. 

Bibliografia recomendada: TEIXEIRA, A. C. P. Adoção: um estudo das motivações inconscientes. Ed. Stiliano, 2000, 116 p.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Por uma mãe perfeita para amar

Depois do bombardeio de postagens de fotos, recados e elogios a todas as mamães no facebook, é a minha vez de parar e questionar: “Será que toda mãe é realmente perfeita?”
Eu só penso que seja curioso o fato de todo mundo valorizar a mãe nesse único dia. Aí aparecem todas as mães perfeitas, os filhos excelentes, como se fosse proibido, pelo menos nesse dia, refletir, discordar ou sentir algo diferente do que aceitação pela mãe que se tem. A mídia e a publicidade do Dia das Mães divulgam uma imagem de perfeição que até pressiona as mulheres a serem mesmo pessoas “impecáveis”.

Será que é preciso acreditar que a mãe é perfeita para amá-la?


As mães eram mulheres comuns até se tornarem mães e fazerem sentido na vida de cada filho. Isso é incrível e merece ser reconhecido: gerar uma vida! Entretanto, as mães não são perfeitas. Como é difícil ver isso... Assim como qualquer pessoa, a mãe tem defeitos, tem manias, erra, às vezes querendo acertar. Há mães ainda, que não andam se preocupando tanto com a sua influência sobre a vida do filho... Isso porque a mãe só pode dar o que ela tem!
As condições psicológicas da mãe influenciam na vida do filho: sua disposição emocional para cuidar e o modo como ela percebe o mundo fazem toda a diferença na criação dos filhos. É a partir desses cuidados maternos que a personalidade, desde criança, será estruturada.


Existem momentos em que é natural e saudável discordar da mãe e, embora isso não seja bem visto pelo social, são esses confrontos que tornam as pessoas capazes de viver com autonomia e saúde.
Se uma mãe insiste em enxergar os fatos da vida de uma forma distorcida, delirante, o filho pode se sentir obrigado, pelo moral de obedecer sempre os pais, a concordar com todas as percepções da mãe que são claramente deturpadas. Em nome do amor, muitas pessoas acabam se obrigando a acreditar em realidades que não existem, só para agradar a quem lhe é superior. Em casos mais sérios, em que a mãe apresenta um transtorno mental, isso traz uma confusão muito grande, que pode (nem sempre) gerar um transtorno da mesma natureza em quem lhe é submisso.
Exceto o caso de algum transtorno psicológico por parte da mãe, existem mães realmente perversas, que não ensinam a lei aos filhos, que por sua vez não se acostumam a se submeter às regras e normas, causando prejuízo para o filho e para a sociedade.
Infelizmente, há também mães que são cruéis, que jogam psicologicamente contra o filho. Nesse caso, é preciso coragem para perceber as armadilhas e a exploração feitas por essa mãe. Às vezes, o mais saudável é se afastar do domínio dela e amar a mãe “apesar de”.


Um exemplo de confronto saudável no desenvolvimento é a fase em que a menina se sente competindo com a mãe para agradar ao pai, que é o seu modelo de um futuro parceiro amoroso. A menina contraria a mãe, observa seus defeitos, para depois perceber que assim como essa mãe é uma boa mulher, ela também deverá se tornar um dia. Sendo como a mãe, no futuro poderá conquistar um homem bacana como o pai, que fique ao seu lado, assim como ele hoje está junto da mãe.
Na adolescência, tanto o menino como a menina precisam confrontar o pensamento dos pais, o que inclui a mãe. Isso ajuda os adolescentes a se tornarem independentes da personalidade desses pais e se verem como pessoas separadas, capazes de argumentar, para depois avaliar como guiar a própria vida. É chato discutir com os adolescentes? Pode ser, mas isso também tem a sua importância.

É bom para a preservação da vida humana em sociedade e pela valorização da origem de cada um comemorar a existência da Mãe. Independente de qualquer coisa, a consideração, o respeito e o amor precisam existir. Ninguém é perfeito. A mulher não precisa ser perfeita para se tornar mãe e no amor, é preciso reconhecer isso.