A diversidade da Psicologia - Como escolher sua terapia

A Psicologia é uma ciência múltipla, aberta, formada por ideias diferentes e até opostas, que partem de crenças e pressupostos distintos. A diferença entre cada abordagem psicológica está na visão de cada uma sobre quem é o homem, o ângulo escolhido para observá-lo (através do comportamento, do inconsciente, da consciência, da visão sócio-histórica, das relações sociais, entre outros), o que corresponde a uma visão de mundo.

As diversas teorias e sistemas psicológicos foram influenciados por um contexto histórico, social, político, econômico da época em que foram criados. As perguntas e as respostas para o comportamento humano dependem da realidade e das necessidades de cada período, dos valores e normas estabelecidos, das crenças existenciais, da concepção do que é o conhecimento e de como chegar a ele.

Diante dessa diversidade, não falamos em "Psicologia", mas em "Psicologia(s)". Essa descoberta nos faz entender que para o mesmo acontecimento humano, há muitas explicações possíveis. Quando você vê uma situação intrigante no dia a dia, você brinca que "Freud explica", mas o pensamento freudiano corresponde ao da Psicanálise, que é UMA das formas de se entender a mente. Freud revolucionou a História, trazendo a ideia de Inconsciente e a Teoria da Sexualidade, explicando a divisão, o funcionamento e a dinâmica do aparelho psíquico e por isso é tão citado como aquele que pode solucionar os mistérios humanos. 

A partir disso ainda, entendemos que não existe alguém na ciência que detém toda a verdade, mas há fragmentos de verdade em cada teoria. Cada uma tem seus métodos e seus objetivos para tratar o ser humano, com base naquilo que acredita. Cabe a cada psicólogo escolher a corrente que mais se aproxima da visão que ele tem de homem e de mundo. 

Na clínica, cada psicólogo tem uma abordagem e um método. Você pode ter passado por mais de um psicólogo e vivenciado técnicas diferentes com cada, além de intervenções distintas por parte de cada profissional de Psicologia. Durante o atendimento clínico, alguns psicólogos podem intervir diretamente, estabelecer um foco, planejar com você a sessão e o que você pode fazer concretamente para mudar a sua situação atual (as abordagens Diretivas, como a Cognitivo-Comportamental); outros profissionais preferem escutar o que você tem a dizer e deixar que você dirija a sessão, o que é bem interessante para realizar uma análise profunda sobre os seus conteúdos (as abordagens Não-Diretivas, como a Psicanálise). 

Para o psicólogo, é preciso evitar duas posturas: o Dogmatismo e o Ecletismo. A primeira postura torna o profissional rígido, acreditando que somente a teoria dele tem razão, detém a verdade e é a única que pode auxiliar as pessoas. A segunda também é prejudicial, pois ser eclético, nesse caso, significa misturar um pouco de cada teoria ou usar cada uma quando achar melhor. Tanto o dogmático como o eclético se perdem, pois não valorizam as diferenças e a riqueza entre as abordagens. O dogmático perde a chance de observar pensamentos divergentes do seu, e de crescer a partir das diferenças. Já o eclético sente dificuldade para se aprofundar em um único conhecimento, o que é preciso para perceber a  particularidade, a essência da teoria e do método.

 A diversidade é uma característica importante da Psicologia. Você pode gostar da forma de intervenção de uma abordagem ou se identificar com outra, depois de conhecer as técnicas que nela são utilizadas. É importante perceber qual a forma de atuação do seu psicólogo, pois a sua satisfação na psicoterapia também dependerá de:  

• Como você imagina que seja uma psicoterapia (expectativa);
• Como gostaria de agir nas sessões;
• Qual o seu objetivo ao fazer psicoterapia.

Senão, você:

• Sentirá dificuldade em se adaptar às sessões;
• Sairá insatisfeito com aquele método de atendimento, pensando ser único;
• Ficará desanimado em fazer psicoterapia.

Por fim, cada psicólogo deve refletir sobre as várias abordagens da Psicologia existentes, além de ser coerente dentro da  forma que escolheu para atuar. Assim, conseguirá trabalhar para que o objetivo maior da Psicologia, que é entender o comportamento humano e auxiliar o homem no seu desenvolvimento, seja alcançado.

O que é Psicologia?

Depois de mais de um mês sem postar no blog, estou iniciando minhas reflexões. Hoje quero apresentar um pouco daquilo que me motivou a escrever e estudar a ciência psicológica.

Muitas pessoas conhecem um psicólogo, já buscaram a ajuda desse profissional, ou provavelmente receberam o reflexo do seu trabalho em alguma etapa da vida, sem perceber: durante a vida escolar; em passagem pelo hospital ou unidade de saúde; no processo de seleção de pessoas da empresa; no teste psicotécnico para conquistar a carteira de motorista; entre outros. Há várias possibilidades de atuação para o psicólogo, em diferentes áreas (poderei explicar melhor essas áreas em outro post).

Se esse profissional está presente no cotidiano e na vida das pessoas dessa forma, nada mais acertado do que conhecer o que ele faz.

Afinal, o que é Psicologia?

A palavra Psicologia vem do grego: Psico= psique, alma, mente e Logos= razão, estudo. O símbolo ψ que a representa se chama “psi” e é a 23ª letra do alfabeto grego. Quando se pensava filosoficamente o homem dividido em duas partes: mente e corpo, a Psicologia era considerada o “estudo da alma”. Entretanto, para se tornar ciência no século XIX, a Psicologia precisava estudar objetos observáveis, palpáveis, que pudessem ser mensurados. Dessa forma, a Psicologia deixou de ser o estudo da alma e se firmou como ciência experimental.

 Hoje podemos que dizer que a Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais nos seus aspectos conscientes e inconscientes, que constituem a subjetividade. Essa última definição é mais ampla, envolvendo o estudo das relações humanas, o compromisso com a saúde mental e o desenvolvimento da cidadania de forma ética e humana.

A Psicologia é uma ciência porque se baseia em evidências que podem ser encontradas através da observação, do levantamento de hipóteses, da investigação e da experiência comprovada. Nem tudo o que parece ser verdade, é. Por isso, quem estuda uma ciência é alguém inquieto que busca respostas para a sua vida e para o mundo ao seu redor. O senso comum considera a verdade pela conveniência, acreditando, por exemplo, em uma teoria que às vezes dá certo e em outras vezes não é garantida. Um psicólogo não pode se guiar pelo senso comum, pois ele deve utilizar conceitos e procedimentos consistentes, dignos de validade e de rigor, que se comprometam com a vida humana.

Seguindo a definição acima, Comportamento é tudo o que uma pessoa faz. Isso inclui gestos, ações (comportamento motor) e também palavras que são ditas ou não ditas (comportamento verbal). A observação do comportamento é peça importante na Psicologia por ser a forma como o ser humano demonstra o que está pensando e sentindo. Dentro de cada pessoa acontecem processos mentais, como a percepção, a atenção, a memória, a inteligência, a capacidade de julgamento, que se juntam ao modo como cada ser humano enxerga o mundo.

Muito do comportamento humano está na Consciência, como as atitudes volitivas, ou seja, que envolvem a vontade para executar uma ação. O consciente é o que entendemos como o racional, o que é controlável e previsível. O que é rápido demais, impensado, sem experiência racional, envolvido muitas vezes em emoções e memórias, é algo Inconsciente.

A subjetividade, finalmente, está ligada aos processos mentais individuais. Subjetividade corresponde ao mundo interno, a tudo o que faz parte de uma pessoa: o que ela conhece de si mesma, como se define, suas qualidades e seus defeitos, como acredita que deve agir, com quem acredita que deve se relacionar. Esse conjunto de conhecimentos e crenças pessoais é formado pelo homem, pela sua cultura e pelo seu meio social.

       Assim, o psicólogo consegue estudar em uma pessoa, a sociedade e os grupos dos quais ela faz parte. Observando determinado grupo social, é possível entender algumas características presentes na vida de seus participantes. Por alcançar o homem na sua singularidade em meio a uma multidão e conseguir perceber a coletividade no todo, a Psicologia é útil para a sociedade e está aberta para ser discutida e descoberta a cada dia.