sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nos objetos, o afeto.

        Qual a importância dos objetos na vida das pessoas?

Eu falo dos objetos concretos mesmo: móveis, livros, roupas, um vidro de perfume, uma flor recebida, a foto de um momento feliz, de alguém que deixou saudades. Você já reparou o quanto o exterior à sua volta representa o que existe no seu interior em sentimentos e memórias?
Alguns ícones materializam o que se tem de mais precioso e íntimo, algo que é difícil de nomear ou colocar em palavras. O indizível é concretizado no objeto pelo qual se guardam lembranças.  É uma forma de eternizar um momento especial.
O apego tem muito a ver com isso. Olhar para um objeto que carrega uma história é o mesmo que revisitar algo que já foi, mas que continua presente. Cada objeto faz papel de símbolo, dizendo até o que está além do visível: o objeto vale aquilo que ele representa
Onde há apego, existe resistência= re-existência, querer se fixar em uma determinada forma passada de viver.

























É justamente o significado que marca: que sentimento seu está representado nos objetos?
As pequenas coisas é que são grandes, porque grande mesmo é o sentimento envolvido. Penso que esse processo de perceber o valor dos objetos está muito ligado a processos de mudança.

Mudança de casa, para outra cidade, mudança interna de vida, novos projetos ou envelhecimento. Repare na mudança do seu guarda-roupa com o passar dos anos... Ele te diz que é preciso deixar algumas coisas para se acostumar a outras com o tempo.
Às vezes você se depara com um objeto que está há um tempo guardado no armário e pensa “Eu guardo isso? Para quê?” O sentido daquilo se foi, não há mais razão de ser.

De qual material é feito o que você guarda? De lembranças? De expectativas? De sonhos?
Existem aqueles que aos poucos tentam criar uma nova vida: aquele que limpa o armário e a partir de hoje quer fazer uma nova história, ter novas lembranças.
Tem a realidade do velhinho que depois de perder as forças, não decide mais sobre a sua vida; então é obrigado a se desfazer da sua casa e ir morar com outras pessoas. Vai para a casa do filho, para o asilo, para uma vida um tanto diferente, perdendo aquele cenário “tão seu” que o cantinho individual oferecia. 
O importante é perceber o quanto esses objetos são, além de matéria concreta, sentimentos valiosos. O perfume vai acabar, o vidro, se quebrar, os móveis podem ser vendidos, a roupa vai se desgastar, o livro e a foto um dia serão consumidos pelo tempo, a flor recebida vai murchar ou se perder, e o que vai restar?
Então, eu mudo a pergunta: O que você guarda na mente e no coração que gostaria de eternizar?






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