terça-feira, 14 de julho de 2015

Divertida Mente - Análise do Filme

Semana passada fui assistir ao filme Divertida Mente, da Disney, e quero compartilhar com você as mensagens úteis que ele traz.


A história se passa com a personagem principal Riley, uma garotinha de 11 anos muito divertida que amava ficar com a família, brincar com o pai e a mãe, jogar róquei na neve e se divertir com os amigos.  Tudo isso, sendo bastante honesta com as pessoas ao falar sempre a verdade.


Tudo ia bem até que seus pais precisaram se mudar para São Francisco- Califórnia, que é uma cidade litorânea em que ela:

  •     Não poderia mais praticar esporte na neve como aprendeu desde muito pequena;
  •          Nem conviver com os amigos a quem estava apegada;
  •    Deveria se acostumar com a nova casa, que não tinha nada de mágico como ela imaginava.

Resultado: Riley precisava enfrentar as perdas das coisas que amava, mudar de escola, de bairro e se adaptar a novos costumes. E como sobreviver a tantas mudanças?

Foi aí que entraram em ação as Emoções que viviam em sua mente.  

Vou apresentá-las para você:

Alegria: é quem comanda a mente da Riley, organiza as demais emoções para que ajam na medida certa e deixem a garota bem feliz. Pensando sempre na parte positiva dos fatos, temia que a tristeza agisse, excluindo –a das atividades de comando da mente.



Tristeza: muito desanimada, aprecia as partes tristes da vida. Na melhor das hipóteses para ela, ainda algo de ruim acontecerá. Ela tem o poder de deixar as memórias focadas no lado negativo das situações.




Raiva: se ira facilmente, é agressivo na fala e nas atitudes também. Tem o hábito de remoer as situações das quais não tem controle, criticando muito os problemas e agindo com inconformismo. É o responsável por provocar Riley a tomar decisões erradas quando está com muita raiva, sendo representado literalmente como a personagem de “cabeça quente”.


Medo: costuma listar as possibilidades de algo dar errado, tendo a ilusão de ter controle sobre as situações e assim, diminuir a sensação de insegurança. Quando uma situação nova que está fora da sua previsão aparece, toda a sua prevenção vai por água abaixo. É apegado à estabilidade. É tímido e inseguro para conviver. Ele é responsável também por se recordar do que é perigoso e afastar Riley de riscos de acidentes.


Nojinho: demonstra os gostos, o que Riley ama e o que não suporta, fazendo parte da  sua personalidade. O nojinho se lembra do gosto, do cheiro e da percepção que tem de certas comidas, por exemplo, para não deixar que Riley passe por experiências desagradáveis ao experimentá-las. Ela ainda julga esteticamente o que é bom, belo e prazeroso.

Com a mudança de ambiente, Riley passou a ter comportamentos estranhos se comparados a como ela agia antes: da forma doce e dócil a atitudes agressivas. Isso mostra como os eventos de mudança na vida, na rotina, as perdas podem prejudicar o desenvolvimento de uma pessoa.


É preciso destacar que a mudança dela de cidade foi brusca: em uma cena ela está dormindo em casa, em um lar recheado de afeto e de boas lembranças da família e dos amigos, e acorda já dentro do carro com toda a mudança a caminho da nova cidade.

Essa extensão da cena mostra o quanto foi pequeno o tempo para que ela elaborasse essa mudança drástica: ela não poderia ser mais a mesma pessoa que era antes, porque ela não estaria mais perto dos lugares e das pessoas, dos sentimentos que toda aquela rotina anterior significavam. O que ela deixou para trás testemunhava que toda a história básica da vida dela foi vivida ali e está repleta de significado, de sentimento, de lembranças que edificam a sua personalidade. Riley aprendeu quem era por essas vivências em Minessota, e isso faz toda a diferença.

Ah, então é perigoso se mudar de cidade? Não necessariamente. O que importa é COMO a pessoa vê essa mudança. No caso da personagem, ela enxergou como uma grande perda de identidade. Como eu disse, ela não teve tempo e nem explicação dos pais suficientes para se preparar e perceber o quanto a vida dela iria mudar.



Quando mudanças repentinas acontecem, a chance de digerir mal a situação é grande, o que vai causar, assim como um desconforto, um nó na garganta como se algo não tivesse sido bem “engolido” pela pessoa.

Se fosse outra pessoa a se mudar ou se ela mesma tivesse sido preparada para o momento, quem sabe tivesse condições de viver essa experiência de mudança de uma maneira mais amena, e conseguisse aos poucos se despedir do que era importante para ela, e se abrir para novas experiências.

PRÉ- ADOLESCÊNCIA


Riley está na pré-adolescência: se preocupa com a aparência, quer ser aceita pelas pessoas, tem medo do que pode acontecer que a exponha, como na apresentação pessoal do primeiro dia de aula. Na noite após esse evento, ela sonha com a imagem distorcida da professora, dos colegas de sala e dela mesma. 

        Quer saber mais como a preocupação com a aparência é IMPORTANTE? Espere  até eu comentar como sobre os sonhos são formados.

PAIS


Na adolescência dos filhos, os pais precisam entender as transformações que acontecem. Os pais da Riley deveriam aceitar a fase de crise da filha, por dois motivos: pela mudança de cidade, e pelas transformações da filha na puberdade.

Cuidar de uma adolescente era algo novo para eles: conviver com criança e conviver com adolescente são coisas diferentes. O adolescente tem o hábito de contestar os pais. Eles precisam ouvir, entender e conversar sobre essas opiniões diferentes. Quem sabe se os pais da Riley tivessem percebido essa necessidade, o problema não teria sido tão grande e preocupante.

O pai não entendeu que a expressão de tristeza da filha era por causa da mudança de casa e quando ela agiu agressivamente, ele quis se impor como pai simplesmente sendo autoritário. Ele não viu que a tristeza que ela estava sentindo é que motivou o enfrentamento dela.

SONHOS

O que você não resolve na mente, o corpo trata de expressar: seja por um sintoma físico (a Riley no caso não ficou doente), seja através do SONHO, que é como a mente tenta mostrar como o seu emocional reage ao que você vive. 

     No caso da Riley, seus sonhos mostravam a confusão que ela estava vivendo. Assim, ela deveria perceber o incômodo das mudanças recentes e tentar lidar melhor com elas. 

Quando Riley precisa acordar, as personagens Alegria, Tristeza e o amigo imaginário sabiamente trazem uma memória inconsciente desagradável para que ela acorde e reaja. A mesma coisa acontece na vida real: quando conteúdos reprimidos inconscientes carregados de emoções não são aceitos pela consciência eles aparecem nos sonhos de angústia (pesadelos). A mente não suporta entrar em contato com o que está reprimido e a pessoa acorda.

O filme mostra outras verdades:
- A função do sonho é manter a pessoa dormindo, registrar as memórias adquiridas no dia e jogar fora o que não é necessário guardar a longo prazo;
- Todo sonho tem imagens de restos diurnos, ou seja, do que a pessoa viveu no dia acordada;
- Todo sonho tem imagens da infância, porque a infância é o fundamento da mente da pessoa;
- Aparecem símbolos daquela realidade que a pessoa passando em dado momento da vida. Ex: Riley sonha com os pais porque está na fase da adolescência, que é de afastamento dos pais para poder se tornar adulta; ela também está passando por mudanças na imagem que ela tem deles.

      No sonho, ela está sem roupa e sem sapato. Esse é um símbolo de que ela se sente despreparada para enfrentar a nova classe, não se vendo à altura desse novo desafio. É uma comparação da mente para dizer a Riley o quanto ela se sentia inadequada ao se apresentar para a nova turma, como se estivesse sem roupa, que é um objeto necessário para as pessoas se relacionarem umas com as outras. Para cada ocasião existe uma roupa, e ela não tinha "roupa" que a fizesse estar em sintonia com esse novo ambiente.  

     O COMO ela se sentia em relação à aparência estava sendo colocado em ALERTA, porque estavam sendo prejudicados os pilares da sua PERSONALIDADE, como as ilhas da Família, Honestidade, Hóquei e da Bobeira (diversão).

EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS

O conflito central do filme ocorre não só porque Riley ficou abalada com a mudança de casa, mas principalmente porque ela não soube expressar os seus sentimentos. Ela não sabia lidar com a tristeza.

     Na verdade, ela nem sabia que tinha sentimentos tão PODEROSOS. Ao se apresentar à nova classe no primeiro dia de aula, os olhos de Riley se encheram de lágrimas. Ela ficou SURPRESA ao ficar emocionada, pois não havia percebido o QUANTO os últimos acontecimentos tinham-na abalado.

O filme mostra que a mente dos pais se atrapalhou na hora de interpretar o que a filha estava sentindo e acabou repreendendo a tristeza de Riley que estava disfarçada em agressividade. Houve uma confusão geral na família, que desencadeou em rompimento do laço amistoso que havia entre eles.

Não é possível valorar qual emoção é melhor. Como descrevi acima, cada uma tem a sua característica e tem sua função em determinado momento do dia e da vida. Não é interessante desprezar a Tristeza, como a Alegra imaginava. Muitas vezes através da Tristeza você consegue perceber o que está te fazendo mal e quando expressa, devolve o equilíbrio ao organismo.

Comentários pessoais


O mais interessante do filme é mostrar que através das atitudes que fazemos no dia a dia, existem muitas emoções. Vivemos como se tudo fosse automático e não precisássemos refletir sobre o que sentimos, o que pensamos e como agimos, mas é necessário entrar em contato com nossas memórias mais profundas, nossas fantasias, medos e desejos para nos conhecermos e vivermos de forma mais inteira. Isso nos faz pessoas mais bem resolvidas e felizes. Viva a Psicologia!

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