A separação dos pais ocasiona uma série de
mudanças na vida dos filhos. Eles precisam se adaptar ao novo relacionamento
que os pais assumem entre si, aos novos lares dos dois e às vezes, aos novos
parceiros que cada um escolhe. Diante disso, a criança pode apresentar
dificuldade em reconhecer o seu novo lugar na vida dos pais.
Ela pode se sentir culpada pela separação, já
que ela é quem vivia no meio desse casal. Quando há muitas brigas entre pais,
mesmo separados, a criança sentirá que eles não têm condições para resolver
essa situação de estresse e aliviar a confusão que ela sente. O clima de briga
entre os pais, até o que não é
falado, mas sentido no
ambiente sugere para a criança uma competição entre eles o tempo todo. A
criança teme perder o lugar de desejo na vida dos pais. Logo, ficará ansiosa em
agradar os dois lados.
Buscando solucionar os conflitos que são de
seus pais, a criança se coloca em um de lugar de identificação na dinâmica
pai-mãe-filho que não é sadio, fora do lugar de filho. Assim, ela pode
fantasiar ser alguém forte, adulto, um herói, negando os seus aspectos
infantis, que significam ter que permanecer na impotência de viver essa
realidade de sofrimento.
É difícil para os pais separarem o que é um
problema entre ele e o seu ex-companheiro de um problema na vida do filho que
precisa da decisão conjunta dos pais. Por exemplo, é muito comum o pai e a mãe
tornarem a criança porta-voz deles, enviando recados, reclamações de um para o
outro. Isso é prejudicial ao desenvolvimento da criança, pois ela precisa que o
pai e a mãe sejam valorizados, pois são suas maiores referências. É
fundamental para a estruturação do psiquismo que a criança tenha modelos do
feminino e do masculino como referenciais de comportamental sexual e social.
Dessa forma, é necessário existir uma figura feminina que seja de acolhimento,
cuidado e carinho, e uma figura masculina representante da lei e dos limites.
Quando o pai ou a mãe criticam, inferiorizam,
com a intenção de denegrir a imagem do outro genitor, treinando a criança para
ter uma imagem negativa em relação ao pai ou à mãe, temer essa figura e assim,
se revoltar, se esquivar do convívio com um dos pais, rompendo os laços entre
eles. Nesse caso, um dos genitores que se separou pode ter uma vontade de
vingança para com o(a) antigo(a) parceiro(a) e realiza esse desejo através dos
filhos. Isso é mais comum do que se imagina, chama-se Síndrome da Alienação
Parental e é crime!
Por isso também, a guarda compartilhada se
tornou obrigatória no Brasil nos casos em que os pais estão em conflito sobre
quem ficará com a criança. Esse tipo de guarda é compartilhada porque nela são
divididos direitos e deveres entre os pais.
O casamento se dissolveu, mas a
responsabilidade de serem pais permanece, para que ambos zelem pelo bem-estar
dos filhos. Existe
ex-namorado, ex-mulher, mas você já ouvir falar em “ex-filho”? Então, não
existe.
A indicação é que os pais encontrem meios de
viver essa nova fase assumindo as suas escolhas, as consequências das atitudes
que têm um para com o outro e para com o(a) filho(a). A comunicação clara e
objetiva entre eles contribui para o cumprimento do papel de cuidado para com a
criança, além de impedir o surgimento de insegurança por parte do pai ou da mãe
em relação às condições de amparo, segurança e assistência que o outro possa
oferecer à criança.
Organizando essas relações, a criança pode se
sentir contida nas suas ansiedades pelos pais, porque eles já resolveram suas
pendências e agora têm tranquilidade para cuidá-la como filho.
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