Uau! Muita gente pergunta isso.
Se você já ficou curioso pelo tema, agora é hora
de acabar com as suas dúvidas!
O
psicólogo é procurado para atender demandas diferentes de muitas pessoas, de
várias idades, mas não pode atender pessoas que ele conhece, como familiares e
amigos. Esse cuidado existe para não prejudicar os objetivos do atendimento.
Imagine
que eu atenda algum parente meu e durante a análise ele diga de lembranças dele
sobre mim, de sensações que ele tem sobre a nossa família. Seria muito difícil
não se envolver. Eu poderia falar de impressões minhas também e dirigiria o
atendimento para outro rumo, diferente do que o paciente escolheu. Essa
mistura do que é meu e do que é do outro minam o processo dele de
autoconhecimento, porque eu entraria colocando todos os meus conteúdos que não
dizem respeito a ele.
A
neutralidade é algo fundamental. Se o profissional ouvir comentários a
respeito de pessoas que lhe são íntimas, a chance de desviar
do objetivo é grande. Seria mais difícil analisar de forma clara, imparcial,
técnica o que se passa na vida do paciente. O desejável é que a própria pessoa
consiga se observar, começar a se enxergar a partir do que sente e pensa.
Se
o psicólogo precisa enxergar além das palavras e das aparências, como ter visão
de algo em que ele está envolvido pessoalmente? Será tendencioso.
Principalmente
no atendimento psicanalítico, a transferência é analisada. Transferência é um fenômeno inconsciente que
acontece na relação paciente - psicólogo, em que o modelo de relação
(sentimentos, desejos, expectativas, afeto) do paciente nas primeiras relações da
infância são atualizados na relação com o psicólogo. Essa transferência precisa
acontecer. A Contratransferência seria
a resposta do psicólogo à transferência do paciente, mas que deve ser superada
para dar continuidade natural ao atendimento. Na situação de atender amigos e
parentes, isso se quebra, pois o psicólogo em vez de superar, poderá entrar em
disputa com que o paciente sente e demonstra inconscientemente.
Ainda
não acabou. Outra possibilidade seria o psicólogo fazer perguntas de assuntos
muito íntimos do paciente, dos quais este ainda não deseja falar e acabar
indo além do que deveria para o momento. Há áreas que o paciente pode não estar
preparado para "visitar" dentro dele ainda. Vamos com calma.
Por
tudo isso não seria ético.
Assim
como o psicólogo não deve atender conhecidos, também não é indicado atender
duas pessoas da mesma família, por exemplo: mãe e filha. Da mesma forma, esse
contato duplo contaminaria a escuta do profissional. Primeiro que seria
tentador incluir os fragmentos da fala de uma delas na história que a outra relata
na sessão. Já pensou tomar partido numa briga das duas e deixar ficar claro
isso no atendimento? Tirar satisfações por algo que a paciente fez ou deixou de
fazer porque a outra está irada com ela por isso? No mínimo, desagradável. rs
Então, vamos separar as coisas.
Além
disso, eu preciso conhecer o paciente por ele mesmo, não posso me guiar mais
pela fala de outrem do que por ele próprio e seu mundo pessoal; ele é o foco e
nós vamos descobrindo suas nuances e características pessoais durante os
atendimentos: é uma jornada incrível!
No atendimento individual, é possível chamar um dia alguém da família para agregar no
atendimento. O intuito é colher informações importantes do paciente; a
autorização para o atendimento a menores de idade (no caso de crianças e
adolescentes no início do atendimento - a primeira entrevista é com os
responsáveis e, para as crianças, os pais podem receber devolutivas ao longo do
processo); ou porque o paciente precisa de acompanhamento familiar constante
(por motivo de saúde mental ou física) e então seria interessante conhecer quem
é essa pessoa que o apóia.
Se você me perguntar: e se fosse atendimento familiar? Aí é diferente, pois seria atendimento em grupo e propositalmente todos seriam atendidos juntos.
Tudo
certo agora? Entendido? Estou de bem com todo mundo?rs Como
disse no início, esses cuidados existem para não prejudicar o atendimento. A
ética vem para nos ajudar.
bem, foi o que imaginei,isto é, mãe sendo atendida p um psicanalista e tem uma filha jovem que está sendo atendida numa terapia familiar c abordagem sistêmica. A mãe já acostumada com seu psicanalista qdo chega na familiar toma o espaço da filha, como que dando continuidade ao processo psicanalítico.A filha deseja sair da familiar e ser atendida individualmente, pois não acredita em resultados positivos onde possam melhorar a relação conflituosa entre elas.
ResponderExcluirpelo que entendi minha filha, se for o caso, deve procurar um psicólogo que não seja o psicanalista da mãe. Está correto? Seria essa a decisão a ser tomada? Aguardo retorno e obrigada pela sua colocação que achei esclarecedora. Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!